Era bom finalmente estar sozinho, pensou Regulus enquanto mirava alguns feitiços ofensivos em um boneco de treinamento conjurado por ele. Não era a primeira vez que o bruxo estivera ali, lembra-se da primeira vez que entrou por aquela porta e ficou apaixonado pelo som das engrenagens capazes de mover os ponteiros de um relógio daquela extensão. Desde então aquele som serve para o manter focado em sua prática de seus feitiços. Com sua varinha de amieiro em mãos realizava naquela sala feitiços fantásticos, alguns demasiado avançados para sua idade, mas ainda não suficientes se quisesse realmente completar seus objetivos.

Havia cerca de uma hora que ali estava, e o franzino boneco certamente não parecia aguentar mais tanto tempo recebendo feitiços.  Ao centro da sala, entre as engrenagens do relógio, o garoto de cabelos negros respirou profundamente. Há alguns dias teve uma ideia de aplicar um certo conhecimento trouxa em sua magia, a ideia era bastante simples: energizar as partículas de ar a sua volta e criar pequenas rajadas elétricas afim de pulverizar o boneco. Entrou então em posição de combate e com os olhos fechados, girou sua varinha sob sua cabeça mudou a natureza das partículas de ar à sua volta. Ainda mentalmente, moldou perto do boneco cargas elétricas de sinais opostos ao de onde estava, como resultado a energia foi atraída pulverizando o boneco. Contudo, como qualquer feitiço nunca testado erros podem acontecer, e neste não seria diferente. Algumas engrenagens também atraíram os raios, nada aconteceu, porém ficou claro a necessidade de novos estudos para evitar como esse. Não só isso, a mais simples tentativa de subjugar algumas leis da natureza esgotava todas as energias de Regulus, afinal, o garoto estava somente na metade de sua educação bruxa, e precisava aprender muito sobre o controle da magia. Exausto, mas ainda com a varinha em mãos sentou de cabeça baixa em uma antiga poltrona que em algum momento do passado teria uma cor vermelha vibrante em seu estofado. - Preciso aprender a controlar a força desses raios antes de mais nada. Pesquisarei o máximo que puder amanhã mesmo. - Pôs sua mão direita então em seu bolso e puxou um pequeno tablete de chocolate na tentativa de se animar de novo. Inesperadamente o petisco ajudou o garoto a ter forças de novo, entretanto, para sua primeira surpresa em muito tempo percebeu que não estivera sozinho. Frente a porta uma jovem luffana o olhava, e sem saber o que dizer esperou até ela dizer alguma coisa.