[TRAMA] A Praga do Bruxo

Em 1998, na aldeia de Weilan, localizada em Guangzhou na China, uma funcionária do Hospital Mágico do Imperador de Jade, Wang Chu Hua se encontrava no departamento de pesquisa e desenvolvimento, quando o alarme começou a soar, que o local estava contaminado e o ar não mais estava esterilizado. De imediato, a bruxa vestiu a roupa de proteção e colocou um feitiço imunizante no próprio corpo, quando olhou para o computador e a mensagem em sua tela, a assustou.


“Sistemas de proteção desativados, componente biológico escapou da contenção.”


Com o vírus no ar, o hospital foi rapidamente transformado em uma zona de quarentena, não podiam deixar uma doença desconhecida se espalhar, ainda mais se não sabiam se seria transmissível para trouxas. A única paciente com a doença, nomeada de Praga do Bruxo, foi uma mulher de 30 anos, Huang Li Hua, já que todos os casos de feridos e doenças que haviam ali anteriormente, foram enviados para outros hospitais dos arredores. Os sintomas da doença, primeiramente, por uma semana, aparentava uma gripe normal, mas logo evoluiu para uma febre acima de 40 °C, dores nas juntas e no corpo, sudorese, vômito e a magia não funcionava. Quando foi pedido para Li Hua tentar fazer um feitiço que fosse, ao perceberem que não funcionava, os medibruxos se alarmaram.


Depois de 48 horas, a paciente desenvolveu problemas renais, que logo desenvolveu também arritmia cardíaca e pouco depois, houve um AVC, que sobreviveu com muita dificuldade e sequelas, como seus pulmões começaram a falhar e ela começou a cuspir sangue. Doze horas depois, Huang Li Hua havia falecido de uma nova doença.


A notificação de que um vírus misterioso existia, logo chegou às mãos da Confederação Internacional dos Bruxos, que imediatamente mandou funcionários do departamento de Contenção de Doenças, a versão mágica do Centro de Contenção de Doenças dos trouxas, para Guangzhou. A investigação para verificar se não haveria mais riscos para a sociedade mágica e mesmo para os trouxas, logo iniciou-se. Depois de quase seis semanas de investigação e autópsia do corpo da paciente zero, assim como a análise da progressão de sintomas, foi constatado que o vírus apesar de existir, não era mais uma ameaça.


Duas décadas se passaram, desde o incidente de Guangzhou, até que no ano de 2021, uma medibruxa britânica que trabalhava na China, em Shanghai, Eliza Halstead, encontrou um grupo de elfos domésticos que fugiram de seus senhores, com uma doença curiosa. Ela não sabia como ajudar, afinal a fisionomia e a magia dos elfos diferiam dos bruxos. Anotou sintomas, a progressão da doença e pouco depois de uma semana, os elfos faleceram. Ela enterrou todos e logo, ela retornou à Inglaterra, sentindo-se mal, com dores pelo corpo e uma sensação de falta de ar, até que acabou desmaiando, ajudada por sua esposa, Lily Halstead, que de imediato a levou para o Saint Mungus.


O departamento de Contenção de doenças rapidamente foi acionado e Eliza colocada em quarentena. O monitoramento da progressão da doença era complicado e não demorou muito para uma médica em específico, aparecer no hospital: Wang Chu Hua, agora trabalhava no Saint Mungus. Depois do incidente em Guangzhou, ela ficou devastada com o ocorrido e mudou-se para a Inglaterra e não demorou para conseguir um emprego no hospital britânico. Recebendo o prontuário da paciente, ela reconheceu muitos dos sintomas: era a Praga do Bruxo, mas o vírus havia passado por uma mutação. O vírus agora fica incubado no bruxo por duas semanas, até atacar de forma mais agressiva. A incubação se manifestava por uma gripe leve e dores no corpo e fadiga.


Wang Chu Hua havia estudado o vírus da Praga do Bruxo nos últimos 23 anos em busca de maneiras para conter a doença ou mesmo a curar, mas não havia sido bem sucedida. Entretanto, ela conseguiu aliviar alguns sintomas, mas o destino de Eliza Halstead era certo: ela iria morrer. Informar a esposa daquilo foi difícil, ainda mais ainda, pedir a permissão de ambas para que Eliza pudesse ser estudada para ajudar no combate à doença, o que a ex-medibruxa consentiu. Os estudos se iniciaram, mas três dias depois, quatro dos medibruxos que eram da equipe da Wang e Lily começaram a manifestar sintomas da incubação viral.


Mesmo com todos os esforços de Wang Chu Hua de manter o vírus dentro do Saint Mungus, foi inevitável que a doença passasse para fora. Duas semanas após a infecção de Eliza, a funcionária da recepção do hospital acabou saindo, para poder comprar suprimentos para o hospital, não tendo noção da incubação da doença em seu corpo, afinal ela mal saía de seu posto. Assim, a Praga do Bruxo havia finalmente quebrado a quarentena e havia sido espalhada para o exterior.


A notificação à Confederação Internacional dos Bruxos não demorou a vir, após dois meses do primeiro óbito pela nova doença, a Praga dos Bruxos, que agora já havia se espalhado pelos Estados Unidos, China, Rússia, França e outros países. Investigações foram iniciadas pelo mundo inteiro para saber como a doença havia ressurgido, quando em Shanghai, um cemitério foi encontrado em uma floresta local, e durante a exumação, perceberam tratar-se de corpos de elfos domésticos. Uma magizoologista especializada em elfos domésticos foi chamada para realizar a necropsia, quando ela anunciou que eles haviam morrido da Praga do Bruxo.


Cientes de que os elfos correriam perigo na mão de donos mais brutais, a Confederação, enquanto informava do fator comum, de que o paciente zero havia se infectado após o contato com um elfo doméstico doente. Logo foi anunciado diversas medidas de proteção para os mesmos, como multa em caso de mutilação e agressão ao elfo, prisão além de multa em caso de tortura, negligência ou abandono, além de prisão perpétua em caso de assassinato do elfo. Anunciaram também que todos os elfos domésticos devem ser submetidos a um exame médico realizado por magizoologistas especializados para garantirem estarem saudáveis.


Com o passar dos meses, o número de casos aumentou e a Praga do Bruxo tornou-se uma pandemia global, entretanto, não podiam parar com serviços básicos como a educação, saúde e outros. Medidas de segurança foram tomadas primeiramente, nas escolas de magia, pouco depois, no Ministério da Magia e nos estabelecimentos comerciais. Era só o começo de 2022, a comunidade mágica devia se preparar, a Praga do Bruxo veio para ficar.